terça-feira, 26 de junho de 2007

Estanque, parte II

Oitenta por cento da vida
Indeferida e ainda tido
Como descontrolado, ao descobrir o sol
Do meio-dia e sem cobertor,
É mais uma amostra do horror
Somado por todo os anos.

Há mantras impressos no monitor,
Mas a ladainha, que deveria ser monástica
Não é nada calma e nem segue
Os escritos
Os gritos, iracundos,
A quaisquer sencientes profundos
Ou doutrina que a negue.

Como criança, escorre para sob o colchão
Vai viver com as aranhas,
Não lhe importa a rinite,
Queria ser réptil,

Escondido da luz e dos bombardeios
Reais, depois de três dias
Preenchidos por bombas
Juninas numa rua rosada,
Ladeira da preguiça.

Tristeza demais para uma solidão,
Aponta para cima e sobe a ladeira,
Sorriu por três dias e caiu do alto,
Em pranto de poeta.

Se é negra
Toda a tristeza e felicidade dessa vida.
Acordava o negro mais sorridente
Que poderia existir nas janelas.

Tudo abortado,
Como quase o foi.

sábado, 16 de junho de 2007

Implícito

O sorriso amarelo de desdém
ao ouvir uma asneira
de um semi-conhecido.

Traços de preconceito
embutidos na construção
de neo-senzalas,
quartos de domésticas.

Cupins que armam
sua emboscada aos móveis,
nos túneis construídos
por entre as rachaduras
de paredes mofada.

Gestos de pura singeleza,
em homenagem ao desconhecido,
pequenas peripécias
desimportantes.


O fim de um poema.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Sorte ou Revés

Desolação de Las Vegas,
perdeu-se, no néon de Nevada,
no tilintar da prata
nos caça-níqueis.

enfiou a mão no bolso,
últimas moedas - testou a sorte:
sete, sete - sorriu, suspirou -
cereja.
engoliu em seco,
na amplitude térmica da cidade
o choro é invisível.

passa o vento,
levanta a areia
no deserto,
onde caiu sua vida.