“Marcelo Benvenutti não é um escritor. É um ladrão, e deve ser tratado como tal”, está escrito na página da editora Livros do Mal, na descrição sobre o autor de “Vidas Cegas”. De fato, Benvenutti é um ladrão: “rouba” das ruas de Porto Alegre, sua cidade natal, que vive tão intensamente, os tipos que compõem os personagens de seus trabalhos, exemplares de uma literatura fortemente urbana e informal. Como o rock de garagem, que conquista fãs e detratores pelo jeito despojado, simples e cru, sem pretensões de criar heróis que vão salvar o mundo.
Benvenutti é um dos expoentes de uma literatura que ganhou espaço no início dos anos 2000, a partir de blogs e dezines feitos exclusivamente para a internet, quase sempre com temas mais identificados com os jovens e a cultura pop. Juntamente com Wladimir Cazé (pernambucano radicado na Bahia), Patrick Brock (baiano) e Delfin, fundou as Edições K, selo literário que movimentou o cenário editorial do meio dos anos 2000 porque incentivava uma maneira punk de publicar livros. Não à toa, foi escolhido, ao lado de Lima Trindade (brasiliense radicado em Salvador), por Nelson de Oliveira (não, pela milésima vez, não sou eu) para integrar a antologia “Geração 00″, juntamente a outros 19 escritores que representam este período da literatura nacional. Em Salvador, o lançamento do livro acontece hoje (27), na Livraria Cultura, no Shopping Salvador, a partir das 19 horas.
Em seu Twitter, o autor de “Vidas Cegas”, “O Ovo Escocês” e “Arquivo Morto” quase não fala de literatura. Com a acidez e a informalidade corriqueira, fala sobre tudo, mas prefere fazer piadas e pegar no pé de técnicos e jogadores do Internacional – dizem as más línguas que ele foi responsável direto pela demissão de Celso Roth e Falcão neste ano -, ou falar de coisas banais, postar vídeos de bandas de rock e até mesmocomentar um pouco sobre sua vida pessoal, no Menino Deus, com a esposa Betine e seu filho Lorenzo, um “pestinha” para o qual dedicou um blog de tom literário, o Cerveja & Fralda, em que conta as peripécias de ser pai de primeira viagem e cervejista. Em uma conversa entre um ou outro gole de cerveja bem gelada, ajudamos a perpetuar a má fama do escritor-roqueiro Marcelo Benvenutti.
Aí é só o texto de abertura da entrevista que fiz com o Benvenutti. Acessem o site da revista Fraude para lê-la na íntegra.