terça-feira, 31 de julho de 2007

Pequenos olhos antigos

Apertou o pranto velho
Um homem, velho e órfão,
Nem mais nem menos órfão
Que a criança do sinal
Ou o jovem desempregado

Acontece de jazer
No repouso de uma casa,
Que sabia não ser sua,
Nem dos contemporâneos,
Alguns remediados,
Com ferida pensada.

Seu time deixou as glórias,
Sem dinheiro, foi lacrado.
Quando acabou o futebol,
Os netos entraram
Em campo.

Como as pernas no bonde,
A felicidade logo passou.
Enlouquecido pelas bocas filhas,
Sabia lúcidas as palavras
Que o tinham no hospício.

No mundo cão:
Os aviões caíram,
As covas são abertas
Sem maiores cerimônias.

No mundo fantasma:
O travesseiro ouve os monólogos
E a televisão é o mais sincero
E metalingüístico informante do
Cruel extra-bunker.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Ah, Paris!


- Eu queria encontrar alguém em paris e começar uma banda...
- Com esses concerts à emporter¹, tá facinho. L'amour en Paris!
Silêncio.
- Olha lá - apontando para os Mana Mana, da Vila Sésamo - na TV -, se conheceram em Paris. - Apontando para vegetais dançantes, em outro canal - Eles também. Tá parecendo propaganda da cidade, em um flyer turístico...
- Flyer matrimonial.
- E que é Paris? Uma agência matrimonial em forma de cidade!

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Cofres de suor

Suam como suínos os suecos
estirados nas descansadeiras
do convés do transatlântico,
escorrem pelos torsos róseos
os fluidos que se hospedarão,
efêmeros, nas caixas-fortes.

Lá embaixo, pretos e brancos,
pretos de fuligem,
brancos de farinha,
equilibram arrobas sobre os crânios.
Um imitador de Verger busca
os melhores ângulos para sua
exposição fleumática londrina.

Grandes empresários ganham as
ruas de paralelepípedos
e edifícios quinhentistas.
Um sobressalto por um souvenir!

Perguntam ao artista nativo:
"Quanto custa este arquétipo colonial?"
E conferem em volta o turismo histórico,
in loco: o século XVI.