O céu azul com poucas nuvens
E o desabrochar primaveril dos bosques
Urbanos de ipê-rosa,
Todo este clichê do renascer à esta estação
Não significa mais que uma dolorosa ironia
Das petulantes pétalas, impetuosas ao ferir
A indisposição inabalável do amigo Jair.
Passeia pelos cômodos sorumbático
Abre as janelas – extravasa cheiro de consultório médico,
A rua decompõe-se em recém-impregnado olor místico
Que parte do casebre deprimido e exótico
Precipitando troça nauseabunda no passeio público.
Este foi o dia de suas exéquias sociais –
Julgava-se desimportante e vestigial,
Uma pústula comunitária
Mas foi surpreendido por sua plenitude microcósmica;
Ser alvo dos folguedos crocitados até pelas partículas de poeira,
Talvez fosse sua formação universitária –
Desempenhava com louvor seu papel de ser
Isolado pelos próximos e demagógico consigo mesmo
Na congeladora vastidão siberiana de seu cérebro
Imprestável desajeitado à vida da porta para fora,
Uma pena ele nem ao menos se suportar.
Fantástica atuação de sua pobre estagnada realidade
Clap, clap, clap, clap.
Tenro vitelo proposto ao abatimento,
Entregue aos predadores da alma,
Derrotado pelos anseios adormecidos,
Malogrado viver fadado ao fim suicida
Jair que já foi, sem nem sair do lugar.
segunda-feira, 16 de outubro de 2006
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Hey, você fez modificações no texto original, não foi mesmo? Claro que sim, pergunta idiota...
Você mudou um pouco de acordo com minhas críticas e agora creio que o texto tem mais conexão e sentido, sem perder todo o trabalho de embelezamente que você teve. Aumente a nota para oito!
Postar um comentário