Prática antiga é a
Terraplanagem de pessoas
No passado, tremenda
Violência física
Hoje é processo simples,
Difundido eletromagneticamente
Trabalham assentam transformam
Até tornar superfície
Própria para o pisoteio tranqüilo,
Sem contra-argumentação do solo.
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
Whoopi Goldberg tecnicolor
Hoje vi uma freira brilhante e colorida,
Azul celeste e rosa choque.
Mudanças de hábito na Igreja Católica?
Não.
Peça Publicitária
Azul celeste e rosa choque.
Mudanças de hábito na Igreja Católica?
Não.
Peça Publicitária
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
Serviço Militar
Trigésimo Quinto Batalhão de Infantaria,
Braço forte, mão amiga.
- Façam uma fila
À esquerda quem quer servir
O sargento Djalma:
- Fui arrastado para cá há
cinqüenta anos. Fiquei. - E sorri.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Chegou a vez do médico:
- Quem fingir doença
a gente pega pesado
e põe na ficha como incapaz.
Alguém tem algum problema de saúde?
Dá-se a vitória
dos fracos e doentes.
Braço forte, mão amiga.
- Façam uma fila
À esquerda quem quer servir
O sargento Djalma:
- Fui arrastado para cá há
cinqüenta anos. Fiquei. - E sorri.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Chegou a vez do médico:
- Quem fingir doença
a gente pega pesado
e põe na ficha como incapaz.
Alguém tem algum problema de saúde?
Dá-se a vitória
dos fracos e doentes.
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
Vermelho Imperativo
Começa no escritório
publicitário
a criação do creme embelezante
e do travesseiro de trato croata
(ou ucraniano, não sei...)
Crêem as cores e as letras,
depois, um astro da novela.
O anúncio ganha vida,
se transmite através
do eletromagnetismo
das máquinas
e invade as casas em
bombardeio de cores e
ondas flutuantes de sons
aveludados e hiperativos
O galã beija os ouvidos
em múltipla sedução
Presto, a socialite trata
de trocar seu tradicional
anti-rugas pelo sensacional
rejuvenescedor francês perfumado
com flores do campo
No trânsito, o motorista
trança e costura
esquece os transeuntes
por pouco evita um atropelo
para entrar entorpecido
numa prestadora de conforto
Mastercard quixotesco e estourante
um sorriso lânguido,
e almofada repousada
debaixo do braço.
E até a criança travessa
larga o futebol
para aconchegar-se
às penas do ganso.
publicitário
a criação do creme embelezante
e do travesseiro de trato croata
(ou ucraniano, não sei...)
Crêem as cores e as letras,
depois, um astro da novela.
O anúncio ganha vida,
se transmite através
do eletromagnetismo
das máquinas
e invade as casas em
bombardeio de cores e
ondas flutuantes de sons
aveludados e hiperativos
O galã beija os ouvidos
em múltipla sedução
Presto, a socialite trata
de trocar seu tradicional
anti-rugas pelo sensacional
rejuvenescedor francês perfumado
com flores do campo
No trânsito, o motorista
trança e costura
esquece os transeuntes
por pouco evita um atropelo
para entrar entorpecido
numa prestadora de conforto
Mastercard quixotesco e estourante
um sorriso lânguido,
e almofada repousada
debaixo do braço.
E até a criança travessa
larga o futebol
para aconchegar-se
às penas do ganso.
terça-feira, 14 de agosto de 2007
terça-feira, 7 de agosto de 2007
Outros extremos da paixão
Texto suporte: http://semamorsoaloucura.blogspot.com/2006/11/extremos-da-paixo.html
Acabo de viver algo realmente inusitado, lembrou-me Caio Fernando Abreu, como o título deixa bem claro, Caetano e sua música “Odeio”. Enfim, o acontecido: minha irmã brigou com minha mãe no carro, a caminho de não sei onde. Desceu do carro, passou entre os carros no trânsito e sumiu por aí. Minha mãe chega em casa, chorando, nem desce do carro, e tenta ligar para o celular de Carol pelo seu telefone. Ocupado, uma, duas, três, quatro mil vezes. Porque, contemporânea, minha irmã liga aqui para meu telefone e diz seu paradeiro, em pranto.
Depois de uns vinte minutos, já são chegadas as duas. Caras enfezadas, testas sisudas. Mamãe abre a porta, grita que a confusão também é culpa sua, que vive trancado nesse quarto, que sua irmã disse que você não a conta nada, que não é amigo de sua mãe, eu já pedi a Deus pra me levar dessa vida! E chora. E eu, pasmo. Corre pro banheiro e me deixa ali, parado, sem reação. Logo me levanto para ver o que é que está havendo, de fato. Encontro mais choro, tosses, soluços. Fico quieto, ainda não entendi qual minha participação nessa briga toda – que ainda continua lá fora, uma mesma discussão sobre desemprego, conformismo, vícios, palavrões, família e outras coisas que já tive há séculos e que nunca foi resolvida, e deixei de lado, por desesperança.
Ouvi aquele sermão como um quase odeio você. Caê diz que apregoar ódio ao outro é a forma mais sincera de dizer eu te amo. Esperei dois minutos e confirmei o dito de Caetano. Vi, de canto de olho, minha mãe entrar no quarto, me abraçar por trás, ainda com fios oleosos escorrendo dos olhos e me comprimir fortemente a seu corpo, como poucas vezes a senti. Ficou dizendo eu te amo, Nenetico, e eu, ainda sobressaltado, só consegui abraçar com o pouco de força que me resta, diante de todas estas confusões domiciliares e dizer um eu também. Ela enxugou as lágrimas e deixou o quarto, porta entreaberta. Não sei se por ironia, mas tocava Vida Imbecil, do Pato Fu, no momento.
Mas que coisa é essa entre as mães de sentirem pelos filhos qualquer coisa irresponsavelmente multiplicada por algum químico maluco numa indústria de fabricação de rebentos? Dirão as mães, com ar de obviedade: eles nasceram de mim. Mas, e os adotados? Eles cresceram de mim, responderão, englobando estes e aqueles. Dizem, que só sendo mãe pra saber, mas acho que não. “Vi cê me fazer crescer também, pr’além de mim”, mais Caetano. O amar out, babaca é esse mesmo sentimento materno de eu te odeio e te odeio (amo) em sintervalo de segundos. Eu leio Caio, e acho lindo. Werther, não.
Acabo de viver algo realmente inusitado, lembrou-me Caio Fernando Abreu, como o título deixa bem claro, Caetano e sua música “Odeio”. Enfim, o acontecido: minha irmã brigou com minha mãe no carro, a caminho de não sei onde. Desceu do carro, passou entre os carros no trânsito e sumiu por aí. Minha mãe chega em casa, chorando, nem desce do carro, e tenta ligar para o celular de Carol pelo seu telefone. Ocupado, uma, duas, três, quatro mil vezes. Porque, contemporânea, minha irmã liga aqui para meu telefone e diz seu paradeiro, em pranto.
Depois de uns vinte minutos, já são chegadas as duas. Caras enfezadas, testas sisudas. Mamãe abre a porta, grita que a confusão também é culpa sua, que vive trancado nesse quarto, que sua irmã disse que você não a conta nada, que não é amigo de sua mãe, eu já pedi a Deus pra me levar dessa vida! E chora. E eu, pasmo. Corre pro banheiro e me deixa ali, parado, sem reação. Logo me levanto para ver o que é que está havendo, de fato. Encontro mais choro, tosses, soluços. Fico quieto, ainda não entendi qual minha participação nessa briga toda – que ainda continua lá fora, uma mesma discussão sobre desemprego, conformismo, vícios, palavrões, família e outras coisas que já tive há séculos e que nunca foi resolvida, e deixei de lado, por desesperança.
Ouvi aquele sermão como um quase odeio você. Caê diz que apregoar ódio ao outro é a forma mais sincera de dizer eu te amo. Esperei dois minutos e confirmei o dito de Caetano. Vi, de canto de olho, minha mãe entrar no quarto, me abraçar por trás, ainda com fios oleosos escorrendo dos olhos e me comprimir fortemente a seu corpo, como poucas vezes a senti. Ficou dizendo eu te amo, Nenetico, e eu, ainda sobressaltado, só consegui abraçar com o pouco de força que me resta, diante de todas estas confusões domiciliares e dizer um eu também. Ela enxugou as lágrimas e deixou o quarto, porta entreaberta. Não sei se por ironia, mas tocava Vida Imbecil, do Pato Fu, no momento.
Mas que coisa é essa entre as mães de sentirem pelos filhos qualquer coisa irresponsavelmente multiplicada por algum químico maluco numa indústria de fabricação de rebentos? Dirão as mães, com ar de obviedade: eles nasceram de mim. Mas, e os adotados? Eles cresceram de mim, responderão, englobando estes e aqueles. Dizem, que só sendo mãe pra saber, mas acho que não. “Vi cê me fazer crescer também, pr’além de mim”, mais Caetano. O amar out, babaca é esse mesmo sentimento materno de eu te odeio e te odeio (amo) em sintervalo de segundos. Eu leio Caio, e acho lindo. Werther, não.
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