Texto suporte: http://semamorsoaloucura.blogspot.com/2006/11/extremos-da-paixo.html
Acabo de viver algo realmente inusitado, lembrou-me Caio Fernando Abreu, como o título deixa bem claro, Caetano e sua música “Odeio”. Enfim, o acontecido: minha irmã brigou com minha mãe no carro, a caminho de não sei onde. Desceu do carro, passou entre os carros no trânsito e sumiu por aí. Minha mãe chega em casa, chorando, nem desce do carro, e tenta ligar para o celular de Carol pelo seu telefone. Ocupado, uma, duas, três, quatro mil vezes. Porque, contemporânea, minha irmã liga aqui para meu telefone e diz seu paradeiro, em pranto.
Depois de uns vinte minutos, já são chegadas as duas. Caras enfezadas, testas sisudas. Mamãe abre a porta, grita que a confusão também é culpa sua, que vive trancado nesse quarto, que sua irmã disse que você não a conta nada, que não é amigo de sua mãe, eu já pedi a Deus pra me levar dessa vida! E chora. E eu, pasmo. Corre pro banheiro e me deixa ali, parado, sem reação. Logo me levanto para ver o que é que está havendo, de fato. Encontro mais choro, tosses, soluços. Fico quieto, ainda não entendi qual minha participação nessa briga toda – que ainda continua lá fora, uma mesma discussão sobre desemprego, conformismo, vícios, palavrões, família e outras coisas que já tive há séculos e que nunca foi resolvida, e deixei de lado, por desesperança.
Ouvi aquele sermão como um quase odeio você. Caê diz que apregoar ódio ao outro é a forma mais sincera de dizer eu te amo. Esperei dois minutos e confirmei o dito de Caetano. Vi, de canto de olho, minha mãe entrar no quarto, me abraçar por trás, ainda com fios oleosos escorrendo dos olhos e me comprimir fortemente a seu corpo, como poucas vezes a senti. Ficou dizendo eu te amo, Nenetico, e eu, ainda sobressaltado, só consegui abraçar com o pouco de força que me resta, diante de todas estas confusões domiciliares e dizer um eu também. Ela enxugou as lágrimas e deixou o quarto, porta entreaberta. Não sei se por ironia, mas tocava Vida Imbecil, do Pato Fu, no momento.
Mas que coisa é essa entre as mães de sentirem pelos filhos qualquer coisa irresponsavelmente multiplicada por algum químico maluco numa indústria de fabricação de rebentos? Dirão as mães, com ar de obviedade: eles nasceram de mim. Mas, e os adotados? Eles cresceram de mim, responderão, englobando estes e aqueles. Dizem, que só sendo mãe pra saber, mas acho que não. “Vi cê me fazer crescer também, pr’além de mim”, mais Caetano. O amar out, babaca é esse mesmo sentimento materno de eu te odeio e te odeio (amo) em sintervalo de segundos. Eu leio Caio, e acho lindo. Werther, não.
terça-feira, 7 de agosto de 2007
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Um comentário:
as mães são as usinas nucleares de sentimento...
ê laiá
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